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quarta-feira, 26 de maio de 2010

Viver Não Dói de Carlos Drummond de Andrade

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém dascoisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por
termos conhecido uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso e
que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.
Sofremos por quê?
Porque automaticamente
esquecemos o que foi desfrutado
e passamos a sofrer pelas
nossas projeções irrealizadas,
por todas as cidades
que gostaríamos de
ter conhecido ao lado do
nosso amor e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e
não tivemos, por todos os
shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante
e paga pouco, mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa
mãe é impaciente conosco,
mas por todos os momentos
em que poderíamos estar confideciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor de que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menod e vivendo mais!!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida está no amor que não damos,
nas forças que usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que,
esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

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